sábado, 26 de dezembro de 2009

O Menino

Tela de William Adolphe Bouguereau



E houve um suave tumulto

No silêncio da noite.

Muitos vieram apressados

Para ganhar as boas graças.


Uma luz vaporosa conferia

Aspecto mágico ao momento.

O rendilhado da manta

Envolvia os traços delicados da criança.


O esplendor estava estampado nos olhares.

Um menino relicário dormia

Sob a luz do olhar de sua mãe,

Qual Serafim num altar.


Ondas flamejantes buscavam

Orações entre os pastores e reis.

Fundiam-se todos num sentimento

Encantador de paz e amor.


Desenhava-se naquele canto

Um coro de anjos.

Ondulantes caracóis dourados

Dominavam o fundo da manjedoura.

Um oceano de fogo ardente

Nascia para iluminar os homens.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Voo

Tela de Dina Valls



Não basta atravessar a alma
Se ela está desfigurada
Pela geometria da desordem.

As árvores foram arrancadas,
Canalizaram o tempo que recua
Impotente, atrás das muralhas do medo.

No céu do desespero, um impensável grito
Realiza nas nuvens, uma realidade de sonho.

Num voo imóvel, misto de êxtase e espanto,
Tento alçar uma alegria
Impossível para o peso de meu corpo.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Escrevendo

(Desconheço o autor)


Escrevo para me resgatar

Da escuridão, da solidão mortífera.

Estanco na fronteira selvagem

De minha consciência

Tentando escapar da obscuridade.


Estou exilada na realidade comum,

Encerrada no silêncio de minha existência.


Aprendo o habito de separar instantes.

Concentro-me em reconhecer sinais de felicidade,

Eles escondem-se nas dobras invisíveis,

Por isso vivo o fervor de todas as coisas.


Escrevo para me comprometer comigo,

Para sentir a volúpia que de mim exala,

Para deslizar dentro de outras vidas

E seguir nessa busca pelo futuro vago.