Tela de Paul Cézanne
A noite avança
Penetrando em si mesma.
Uma canção entoa
A nudez dos amantes.
Palavras ardentes,
Hóspedes de bocas
vulcânicas,
Suspiram segredos.
Dizem que se amam e
celebram a vigília.
Voltam, lentamente, para
ver a terra tremer,
Sussurrando o nome dos
amantes.
O que eles querem é o
suspirar,
O que despe a morte,
súbita e louca.
O que atravessa o corpo
como um vendaval,
Deixando marcas de
tormenta.
Querem braços abertos, e o
respirar afoito.
Querem a canção
perseguidora do lírio louco
Que nasce selvagem na
fonte do corpo.
Emissários invisíveis
Indicam os segredos da
carne.
Estendem, até os amantes,
Os domínios do campo.
Quando o grito se
aproxima,
Ordenam que as mãos cor de
terra
Fecundem a semente,
E entre águas e bocas de
folhas,
Iluminam-se em esplendor
de gozo.